domingo, 5 de junho de 2011

Reabilitação no Traumatismo Craniencefálico

A idéia da neuroplasticidade foi proposta pela primeira vez por Santiago Ramon y Cajal em 1892.


Refere-se as mudanças nos neurônios, em suas redes de conexões e em suas funções, criadas por novas experiências.


Em outras palavras, é a capacidade do sistema nervoso de se adaptar as novas situações. Ocorre adaptação através de desenvolvimento ou de ambientalização do sistema nervoso após a ocorrência de lesões.


Pesquisas inicialmente realizadas com roedores e depois em humanos demonstraram que o cérebro tem a capacidade de desenvolver novas redes em resposta aos estímulos externos.


Extrapolando o mesmo conceito compreende-se o papel da reabilitação. Significa, portanto, que a reabilitação tem o papel de fornecer as experiências necessárias para estimular a plasticidade neuronal.


Enquanto a plasticidade neuronal oferece o potencial para reorganização, são os fatores externos do ambiente que permitem que organismo aproveite este potencial e maximize sua recuperação.


O benefício da reabilitação incorpora os princípios da restituição e da substituição. A primeira significa a restauração de uma função prejudicada e a segunda a adaptação de uma função perdida.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Lesão Difusa ou Lesão Focal?

As duas lesões, focais e difusas geralmente coexistem no mesmo indivíduo.

Em determinadas situações, algumas delas podem predominar. A predominância de um destes tipos de lesão passa então a caracterizar o quadro clínico.

Portanto, a heterogeneidade é a marca do traumatismo craniencefálico.

O traumatismo craniencefálico é um processo dinâmico que provoca alterações funcionais e estruturais em virtualmente todos elementos do encéfalo, podendo continuar por muitos anos após o evento traumático.


Os achados patológicos podem ser decorrentes de lesões primárias ou secundárias e também de lesões focais ou difusas. As primárias ou secundárias estão relacionadas ao momento do impacto. As focais ou difusas se referem a distribuição das lesões estruturais no encéfalo.


A lesão primária é consequência do traumatismo inicial direto das estruturas encefálicas decorrentes de forças mecânicas afetando o tecido nervoso.


A lesão secundária se refere a uma cascata de processos celulares e moleculares iniciados pela lesão primária. Também consiste da lesão do tecido nervoso pela hipoglicemia, hipotensão, hipertermia e hipoxia, além do aumento da pressão intracraniana que como evento final provoca isquemia encefálica.


As lesões focais consistem de hematomas subdurais, epidurais e intraparenquimatosos, além das contusões.


As lesões difusas estão amplamente distribuidas pelas estruturas encefálicas acometendo axônios e vasos podendo provocar isquemia e tumefação cerebral.


A lesão axonial é a consequência mais comum do traumatismo craniencefálico difuso.

Equipe Multidisciplinar

Com a intenção de unir conhecimentos das áreas acadêmicas da Universidade de São Paulo, várias associações foram alcançadas. O Grupo Lesão Difusa Traumática é composto por uma equipe multidisciplinar.

Acompanhando as publicações científicas mais recentes, trabalham conjuntamente no mesmo espaço físico e falando a mesma linguagem médicos, enfermeiros, psicólogos, fonoaudiólogos, fisioterapêutas, nutricionistas, terapêutas ocupacionais, farmacêuticos, assistentes sociais, economistas da saúde e comunicadores sociais.

A equipe médica é composta por neurocirurgiões, fisiatras e radiologistas. Alunos de iniciação científica da graduação da Faculdade de Medicina da USP auxiliam as equipes.

Os projetos de pesquisa clínica integrados ao Grupo Lesão Difusa Traumática estão respaldados pela comissão de Ética em Pesquisa do Hospital das Clínicas da FMUSP. Alguns representam dissertações de mestrado e teses de doutoramento da USP.

Atualmente são acompanhados cerca de 80 pacientes no Ambulatório de Trauma da Disciplina de Clínica Neurocirúrgica do Departamento de Neurologia do HC-FMUSP.

O tutor da proposta é o Professor Titular da Disciplina de Clínica Neurocirúrgica, Prof.Dr. Manoel Jacobsen Teixeira. O mentor e essencial incentivador é o Coordenador do Grupo de Emergências Neurocirúrgicas, Prof.Dr. Almir Ferreira de Andrade.

A linha de pesquisa geral da Unidade de Emergências Neurocirúrgicas estuda os aspectos clínicos das Lesões do Sistema Nervoso. Inclui as encefálicas, medulares e dos nervos periféricos. O Grupo descrito tem particular atuação sobre o Traumatismo Craniencefálico (TCE).

Basicamente são estudadas as sequelas encefálicas decorrentes do traumatismo do sistema nervoso.

Especial atenção é direcionada para o diagnóstico detalhado em cada área da equipe multidisciplinar.

A atuação das ciências da saúde e das áreas correlatas utiliza modernas técnicas de avaliação como nos centros médicos mais avançados do mundo. São propostos tratamentos especializados e individualizados.

As modificações decorrentes do evento traumático são bastante evidentes nestes pacientes. Todos os aspectos da vida, em especial os relacionados a qualidade de vida são explorados. Também os aspectos da vida e estrutura familiar dos pacientes e cuidadores são acompanhados desde a entrada no Hospital até cerca de 5 anos após a lesão encefálica.

Muitas vezes são percebidas diferenças marcantes entre as imagens de tomografia e ressonância magnética cerebral e o aspecto corporal, cognitivo e funcional dos pacientes. Entendemos ser fundamental compreender a evolução global em concomitância com a recuperação da função neurológica. 




















Histórico do Grupo Lesão Difusa Traumática do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

O Grupo Lesão Difusa Traumática foi criado por profissionais da área da saúde formalmente vinculados ao Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). 


A idéia surgiu em novembro de 2009. Um ano depois ganhou formato e identidade próprias na Unidade de Emergências Neurocirúrgicas do HC.


Ele foi criado para compartilhar informações e ampliar os conhecimentos sobre esta importante conseqüência do Traumatismo Craniencefálico.


Este diagnóstico clínico inclui um grande espectro de lesões encefálicas. A lesão difusa traumática mais comum é a axonial. A definição mais apropriada é "Lesão Axonial Traumática Multifocal", considerando os aspectos neuropatológicos. Acomete várias estruturas incluindo cérebro, tronco encefálico, cerebelo. Estudos experimentais também demonstraram que a medula espinal é atingida.


Na prática clínica, o termo médico mais empregado para designar esta afecção é "Lesão Axonial Difusa (LAD)".


O Grupo Lesão Difusa Traumática tem o propósito de integrar as várias áreas das ciências da saúde orientando uma abordagem diagnóstica detalhada e planejando uma programa de reabilitação especializado.


O principal objetivo é proporcionar aos pacientes e aos familiares um tratamento interdisciplinar efetivo e abrangente.